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SETEMBRO ENSANGUENTADO PARTE 2

CONTESTADO-CRONICAS .

Publicada em 02/03/17 às 20:35h - 965 visualizações

por João Batista Ferreira dos Santos.


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 (Foto: Arquivo Grupo Resgate.)
SETEMBRO ENSANGUENTADO PARTE 2

….e seguem os caboclos com o plano de destruir tudo o que pertence aos americanos e suas empresas.

Algumas paradas para o descanso, neste momento o líder conversa e afirma para matarem todos, inclusive crianças. Alguns reclamam afirmando:

-A virgem pediu para não matar crianças e mulheres, e agora?

Baiano grita:

-Quem não seguir as ordens morre junto!

Muitos durante a noite conversam as escondidas, confabulando entre si, afirmando que deste modo os bandidos seriam eles.

                Em Calmon a tarde chega, cinco horas, Chico Alonso grita:

-Atenção, em nome da virge e São Jusé Maria, morte aos peludos da lumbe!

Volta a acrescentar:

-Sem mata muéres e crianças. Elas não nos devem nada!

Um batalhão de 300 caboclos e algumas mulheres descem quietos quando saem no limpo um pistoleiro avista e corre para dar o alarme no povoado. Com os cabelos esvoaçando grita. Chegaram os cabocros malumbentos. Avisem os pistoleiros. Seu Antonio da plataforma vê a multidão correndo na rua, onde atualmente é a Rua Matilde Whoeringer, as primeiras casas começam a arder no fogo, a estação é próximo alvo.

Pistoleiros se reúnem em frente a estação.

O vento levanta poeira da estrada batida de rodas de carroças e cascos de cavalos.

De um lado um número superior de caboclos, com facões de pau, espingardas e alguns winchesters. Do outro lado 23 pistoleiros armados com colts 45 e armas de repetição com alavancas. Enquanto alguns queimam e matam homens, os pistoleiros erguem mira, ouvem-se apenas os gritos de:

-Fora lumbe, fora peludos e estrada de ferro!!!!

Os primeiro tiros são ouvidos, tombam os primeiros caboclos, Chico Alonso grita:

-Força meus irmãos, viva São Sebastião!

Avançam sobre os pistoleiros alguns são alcançados pelos tiros outros os pelos facões de pau.

 

O sangue começa a manchar a rua, muitos olham abismados das janelinhas das casas. Mulheres pegam as crianças e fogem, os caboclos deixam que elasse salvem. Na serraria, ouve-se o tiroteio cerrado, parecendo a Guerra de Secessão. O feitor manda parar as máquinas e joga facão, pedaços de pau e ferros para os funcionários.

Seu Antonio corre para o telégrafo e avisa as estações aos arredores:

-Socorro, bandidos em Calmon, socorro, estão matando e queimando tudo!

A Estação em poucos minutos vira uma grande fogueira, e a "batalha" agora é travada sobre os trilhos, corpos de caboclos, trabalhadores e pistoleiros vão se empilhando, em um cenário macabro.

Pessoas degoladas, outros sem braço, alguns gritam por socorro. Chiquinho Alonso grita:

-Quem for cabocro venha pro nosso lado e não morrerão!

Alguns atendem ao chamado e viram de lado, armas que ficaram espalhadas são recolhidas e distribuídas entre os combatentes, que de um numero de 300, restam  apenas 214. 

Serraria da Lumber!

Chiquinho guia os caboclos até a serraria e são recebidos a bordoadas e tiros, mas nada comparado com a vontade de brigar dos caboclos que em poucos minutos incendeiam a "poderosa  serraria"e todo seu material de madeiras empilhadas.

A fogueira é enorme e o número de mortos também. Nas matas de araucárias, pelos lados da pirambeira, mulheres e alguns homens com suas crianças correm sem parar, se escondem, quando ouvem o cessar de tiros e apenas os estalos das ferragens da serraria ardendo na fogueira que marcou o sertão calmonense em 1.914.

Em seguida o líder reúne os homens que sobraram e seguem para o armazém do Nicola que ainda estava em pé e escrevem um bilhete, pregando na parede.

"Nóis num matava e nem robava, veio governo das  oropas e tomou tudo que pertencia a nacao, matou nosos fios e muéres, nóis agora vamo faze vale nossos diretctos".

Assinado:

 Comandante de briga Chico Alonso!

Altas horas da noite, os porcos devoram os corpos que ficaram espalhados no povoado, as vísceras estão em qualquer lugar em qualquer boca de animal. Corpos insepultos jazem a mercê da natureza.

 Um trem de inspeção segue para Calmon e da Serra da Pirambeira avista as labaredas  do incêndio de Calmon,  e já concluem: A guerra havia começado! Recolhem mulheres e crianças na beira da ferrovia e retornam a União da vitória, onde dão o alarme.

Avisam o Capitão Matos Costa, que Calmon, virou cinza, não sabem eles que em breve  São João dos Pobres é a nova vitima, pois naquela noite de cinco  de setembro já esta na mira dos Caboclos de Beneveuto Baiano.


Segue em SETEMBRO ENSANGUENTADO PARTE 3.


 

A redação permaneceu conforma acontecia a fala na época.

Este material é exclusivo de João Batista Ferreira dos Santos, jornalista e pesquisador de Calmon SC.




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