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A CABOCLA DO CONTESTADO

Publicada em 23/01/2024 às 14:35h - 24 visualizações

por Rádio Destaque Regional


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 (Foto: Rádio Destaque Regional)
por João Batista Ferreira dos Santos
Muitas pessoas, e colegas da imprensa, têm me procurado para saber o porquê resolvi escrever um livro contando a história de Calmon. Sou "filho" desta terra, cruzei caminhos, desde criança apreciando as belezas naturais, que infelizmente hoje quase não se vê. Abaixo uso uma afirmação do jornalista Ricardo Noblat, que fala quase tudo sob a nossa vida de jornalista.
Fossem os jornalistas menos escravos das notícias da véspera, poderiam dedicar-se também a um tipo de jornalismo que só raras vezes é produzido" o jornalismo histórico. Que por meio de pesquisas, entrevistas e consultas a documentos revestia episódios importantes da vida de um povo que jaz esquecido e incompleto. 
Ricardo Noblat, jornalista 
O tema escolhido foi um meio de escrever sobre a história de uma comunidade que tem mais de um século, e passou por momentos de alegrias e tristezas. Muitas pessoas de raças diferentes vieram com a implantação da estrada de ferro, marcando uma época de muitos sonhos. A mistura com os índios e caboclos que já viviam na região mudou a figura e a linguagem, criando uma nova raça.
Calmon viveu a experiência de sediar o acampamento central da administração da construção da ferrovia e de grandes serrarias. Muitos livros foram escritos, comentários foram feitos e poucas citações em relação a Calmon. O objetivo principal é resgatar um passado que está esquecido, importante do ponto de vista histórico, e para a identidade do povo calmonense.
Esse acontecimento, em parte conhecido, permitirá mais investigações e interpretações, mostrando a vida do negro que esteve incluído, tanto ao lado dos fanáticos, assim como ao lado das forças do Exército e policiais do Paraná e Santa Catarina. 
Calmon tem sua história construída a partir da passagem da ferrovia e dos americanos pela região que se apoderaram das riquezas em troca das construções. Muitos terrenos foram tirados à força dos verdadeiros donos, causando revolta em muitos que tiveram amigos e parentes mortos pelos verdadeiros jagunços, os pistoleiros da Lumber. Esta grande reportagem impressa, em forma de livro-reportagem, vai resgatar o passado de um povo que presenciou momentos de transformações.
Por exemplo, a localidade Osman Medeiros, de uma hora para outra, ganha o nome de Miguel Calmon. O motivo dessa mudança foi retratado. A história desse município tem ainda muito a ser explorada. Começou a ganhar destaque a partir do momento em que o Grupo Resgate (grupo de jovens de Calmon, que nos finais de semana realizam pesquisas sobre o Contestado) começou a sair à procura de respostas para muitas perguntas. Portanto, pode-se usar a seguinte definição como intenção deste trabalho: "[...] se for um profissional de bom nível, o jornalista poderá sair-se bem como historiador acadêmico: afinal fomos treinados para saber lidar com pessoas e delas extrair boas histórias" (Noblat, 2002, p.30). 
Uma boa reportagem, em forma de livro, vai ajudar o leitor a compreender melhor o que se passou nessa região no final do século XIX e início do século XX. Boas fotos e um texto de fácil entendimento vão proporcionar um novo conhecimento pouco retratado em reportagens e documentários, além de filmes sobre o Contestado. Existem vários livros que falam dessa modalidade, poucos focados em nossa região. A Guerra do Contestado foi o conflito armado mais importante ocorrido no início do século passado. Um conflito puramente ideológico que ameaçava diretamente os direitos humanos. Os americanos chegaram com a proteção de seguranças e do próprio exército, começaram a expulsar os verdadeiros donos da terra, os caboclos e pequenos posseiros que tiravam seu sustento do fruto do pinheiro (pinhão) e pequenas plantações de milho, feijão e abóbora.
Algumas pessoas têm fascinação por relatos referentes às suas origens, assim, esta grande reportagem traz mais conhecimento e interesse pela história da região. Assim como Borelli (2006) retrata em forma de peça teatral o Contestado; Thomé (1978), em forma de romance; será uma nova forma de relato, a reportagem.
O repórter mediante grandes reportagens pode descobrir grandes momentos de outras épocas da região, como o verde da erva-mate, da araucária e do cedro. Em Calmon, entre os anos de 1917 e de 1970, os moradores, para ler as notícias, tinham que esperar o trem internacional, que vinha de São Paulo com destino à Argentina. Esperavam na estação, compravam, no famoso "buffet" (espécie de restaurante dentro de um vagão), os jornais semanais e revistas em quadrinhos. Quando não compravam jornais e revistas, conversavam com o chefe de trem para saber as notícias de São Paulo e do "Porto" (Porto União). Outros ouviam as poucas emissoras de rádio da época, para se manter informados e poder contar os acontecimentos para vizinhos e amigos. 
Atualmente está mais fácil comprar jornais e revistas, as escolas e faculdades oferecem bons livros a quem deseja estar a par dos acontecimentos. Por meio do jornalismo, com uma reportagem bem elaborada, pode-se com a ajuda de recursos tecnológicos mais modernos, divulgar o passado de Calmon e seus habitantes. Acessamos as marcas do passado, pesquisando, nossos vestígios, ou elementos constituídos pelos outros (livros, monumentos e datas). Para saber quem somos, precisamos das lembranças dos outros. O jornalismo é um grande aliado para buscar, no passado, a história e transcrever, no presente, aquilo de que não se tinha conhecimento. 
Muitas pessoas idosas, residentes em Calmon, gostariam de escrever ou falar sobre algo que sabem ou ouviram de seus pais, infelizmente não encontram espaço ou não sabem como, ou quem se interessaria pelo assunto. Os jornalistas podem oferecer-lhes a ocasião de falarem e participarem da recomposição da história. A história do Contestado, por exemplo, nunca foi devidamente explorada, faltando um pouco da investigação do jornalista para que muitos fatos que permanecem esquecidos venham à tona mediante uma grande reportagem.
Somos informados diariamente de fatos importantes, temas correntes, acontecimentos inusitados. Há quem diga, os entusiastas da comunicação, que sem a mídia só há o deserto. Estar informado da história por meio do jornalismo é um direito do cidadão. A comunicação é aberta a todos que desejarem usufruir desse benefício. Em Calmon, muitos têm no rádio um meio de saber dos acontecimentos sobre o Brasil e o mundo. A televisão está presente em quase todos os lares, além de alguns jornais impressos que chegam aos moradores mais distantes. 
O livro-reportagem vai ajudar as pessoas a compreenderem como aconteceu a história de Calmon, da ferrovia, das serrarias, dos redutos (acampamentos onde residiam os fanáticos) e outros acontecimentos que fascinaram e assustaram muitas crianças à beira do fogo de chão, comendo pinhão assado, com a iluminação de lampiões a querosene.
João Batista Ferreira dos Santos
Jornalista, pesquisador e Presidente do Grupo Resgate de Calmon SC.



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