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REVELADA A HISTÓRIA DAS TRÊS FITAS EM CALMON.

HISTÓRIA DO LIVRO DO JORNALISTA JB CONTA A PARTE 01.

Publicada em 15/04/16 às 10:15h - 15857 visualizações

por Rádio Destaque Regional


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Serraria da Segunda.  (Foto: Rádio Destaque Regional)

A HISTÓRIA DAS TRÊS(03) FITAS EM CALMON.

O atual município de Calmon SC, outrora distrito de Matos Costa SC, tem muita história para ser revelada. Entre elas estão as serrarias conhecidas por três fitas, que junto com a serraria São Roque giravam uma arrecadação invejável para o estado. Além delas ainda existiam a Serraria Grande, a fabrica de pasta e as duas serrarias no centro da cidade, sendo, Gringos S;A e madeireira Fritz.

Em 1.908, o Sindicato Farquhardt, instala em Osman Medeiros(Calmon), nos campos da Fazenda São Roque, a primeira e maior Serraria da América do Sul, foram adquiridos 21.797 alqueires, para exploração por cinco serrarias, sendo quatro menores  no interior e a maior, já citada, ao lado da estação. Anos depois em Três Barras SC, a Lumber ergue uma serraria ainda maior, empregando cerca de 800 trabalhadores. As áreas de campo de São João dos Pobres  e São João de Cima, na época pertencentes ao município de Porto União e economicamente ao município de Caçador SC, atualmente Calmon e Matos Costa SC. Segundo cita Thomé no livro o Ciclo da madeira(1.995), em 1.936 existiam 17 serrarias. A maior era a interpol & Cia, irmãos Kurtz, Arthur de Paula e Souza, Longo & Irmão, João Rotta e filhos, pedro Pizzato e Filho, Rogoletto Conti, Chaerk & Moo, J.Mayer & Filhos,  Domingos Locatelli & Irmãos, Fernando Martini, Carlo Donner e Gunter e Foltz.

Em 1940, o Governo Federal desapropriou todos os bens da Lumber e a vinculou a empresa a Superintendência das Empresas Incorporadas a Patrimônio Nacional, que foi se desativando gradualmente até 1.948, quando foi autorizada a venda do que lhe sobrou. Os bens foram adquiridos por um Consórcio de empresas , formado pela Sociedade madeireira e Colonizadora São Roque Ltda; a Sociedade Pinho & Terras Ltda;  e a Industria Gropp Ltda.

A concorrência pública por alienação do espólio de uma das propriedades - a Fazenda São Roque, foi vencida  pelo empresário Luiz Dalcanale Filho, que em Curitiba constitui para este fim a empresa MADEIREIRA E COLONIZADORA SÃO ROQUE.  A partir dali, vindo a assumir os remanescentes  16.128 alqueires de terras  ainda cobertos por mais de 400 mil pinheiros araucárias, com as cinco serrarias instaladas, inclusive a de Calmon.

Nestas serrarias que serraram milhares de pinheiros e imbuias, foi grande a pesquisa, pelo jornalista João Batista Ferreira dos Santos, conversando com ex-moradores que contavam ricas histórias em torno da vida nas serrarias da Segunda, Terceira e a primeira.Felizmente depois de anos conheceu através das redes sociais o ex-morador das Três Fitas Carlos Alberto Schulp que cita que seu pai, Lindolfo Schlup era uma espécie de gerente das três fitas e da fábrica de caixas e trabalhava junto com funcionários. Nas imagens cedidas por Carlos, aparecem a primeira fita, o pátio de toras e o interior da serraria. " Tenho na lembrança todas as imagens da primeira fita, porque era onde nós morávamos, a nossa casa, o local da fita, as pilhas de madeira, a paisagem e muito mais". Acrescenta com emoção Carlos Alberto Schlup.

Carlos conta que  da janela da casa onde viviam com a família, dava para ter uma visão muito boa, com muitas araucárias. "Nossa casa ficava à direita desse barracão, que era depósito e uma rudimentar oficina". Afirma.

Carlos ainda destaca que a vinda  deles para  Calmon,  aconteceu por volta de 1959, com a mãe a senhora Veneranda, mais a  irmã Maria Marlene, seu pai Lindolfo e seu irmão Moacir. Por problemas de ensino, seus irmãos não moravam no local, mas permaneceram em colégios internos. Apenas ele(Carlos) acompanhou  seus pais nesse período de 1959/60 até 1964. Na época ele conta que  foram adquiridos quatro caminhões F 600  novos e um trator DEUTZ DM 55, pela  empresa, proprietária das três fitas, a  Indústria e Comércio de Madeiras S/A, com sede em Itajaí SC de onde as madeiras eram exportadas.

Além das serrarias existia também uma fábrica de caixas  próximo da segunda serraria, a famosa Segunda Fita, usada para  para aproveitamento dos refilos.

Carlos conta que, entre a primeira e a segunda serraria, existia uma fábrica de pasta ( matéria prima para o papel ), que segundo ele, era de um senhor chamado Guilhermão, que também tinha a serraria em Calmon, logo na entrada para as serrarias. A empresa Indústria e Comércio de Madeiras S/A, com sede em Itajaí, era de Orival Cesário Pereira, conhecido por Valinho. As terras onde existiam as serrarias, foram mais tarde compradas posteriormente por um senhor.de Caçador, de sobrenome Zandavalli.

"As três fitas existiam no interior de Calmon. Essa serraria que existia em Calmon, não tinha relação com as três fitas. Entrava-se a esquerda de quem vinha de Caçador, existia uma cancela em que ficava uma pessoa acredito que cuidando de quem entrava nessa estradinha". Relata Carlos. Além das três fitas, existia também uma fábrica de caixas para transporte de frutas que eram enviadas para São Paulo. Era o aproveitamento das sobras de madeira. Essa fábrica estava instalada em um outro galpão, que existia nas proximidades da segunda fita. Estava localizada entre a primeira e a terceira fita, já com a intenção de logística na movimentação dos resíduos da araucária. Na primeira fita também eram feitos cabos de vassouras, assim como toda a Madeira, esses cabos passavam por um banho químico para não aparecerem pragas danosas à Madeira.  Carlos com idade de 10 a 12 anos  trabalhava em alguns períodos, na gradeação desses cabos. Gradeação era como se chamava o modo de fazer as pilhas para a secagem.

Um detalhe interessante contado pelo ex-morador, foi que, seu pai e os trabalhadores sempre andavam armados devido a região ainda ser conflitante, além de onças e leões que circulavam livremente entre as árvores e sempre atacavam quando menos se esperava.

Ex-moradores de Calmon, de Calmon contam que  os locomóveis, trabalhavam com forças de 8 HP, eram suficientes para acionar quadros com serra centro. Cada serraria tinha capacidade para serrar, em jornada diária, que ia das cinco da manhã as vezes até as oito da noite, de seis a oito pinheiros, uma tora equivalia aproximadamente 1,5 /1,6 m de diâmetro.

cada pinheiro abatido resultava em três toras, as vezes medindo de 14 pés(4.30 metros). As árvores com 80 cm de diâmetro rendiam no minimo de duas dúzias de tábuas(30' x 1') por tora, sendo que as maiores  até cinco dúzias . Eram raros os pinheiros  que proporcionavam 15 dúzias  de tábuas de primeira. No mato os "toreiro!, ganhavam por "feitio" para derrubar e cortar os pinheiros  e levar as toras aos estaleiros, de onde eram transportas por caminhões até a serraria. Havia também o "foguista" que cuidava da locomóvel, o auxiliar que alimentava o quadro com as toras, a base do "besouro", ferramenta com cabo reforçado par virar  a tora. Já o serrador,(que atendia a serra) e os "circuleiros" trabalhavam quase sem parar, serviço perigosos que "aleijou" muita gente em vários acidentes.

As tábuas serradas recebiam o acabamento e o corte final no comprimento passando as mãos dos empilhadores, que as retiravam dos barracões transportando com vagonetes para secagem ao ar livre.

Antes disso, ainda  havia o transporte até a estação mais próximas, e nos anos  de 1.960, muitas empresas transportavam diretamente para o Porto de Itajaí SC como é o caso da Industria e Comércio com sede na referida cidade portuária.

As estradas eram estreitos caminhos de chão batido, cheio de curvas, desviando tanto as árvores em pé como os "tocos" daquelas já abatidas.

Para facilitar os cortes, os toreiros, que no início trabalhavam com !traçadores"( Serras tira-pó), mais tarde adotaram as serras americanas com duplos dentes, com maior rendimentos.

Na segunda parte desta reportagem impressa, conheça mais histórias da serrarias  de Calmon e região.

Agradecimentos ao Carlos Schlup pelas fotos e informações e aos demais ex-trabalhadores que colaboraram com este material.

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Chegada de 4 caminhões F600 e de um trator DEUTZ DM 55. É possível ver na porta do caminhão o nome da empresa, proprietária das três fitas: Indústria e Comércio de Madeiras S/A, com sede em Itajaí, de onde as madeiras eram exportadas. Carlos está em cima do pneu do trator.

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Estas fotos são vistas do pátio de madeira e no lado direito a serraria ( essa era a primeira serraria ). Olhando a extensão do pátio, várias araucárias. A casa da família Schlup ficava à direita desse barracão, que era depósito e uma rudimentar oficina.

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Interior da serraria, dois funcionários em cima do carro da fita, a mãe de Carlos senhora Veneranda e outros funcionários. Nota-se o carro ( ou uma tipo de vagonete ) que servia de apoio para levar as tábuas para a serra circular.



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1 comentário


Valdemir Farber

30/06/2022 - 22:25:35

Meu pai trabalhou na Ind.Com.Madeiras nesse período. Eu tinha oito anos e meu pai Bruno Farber me trouxe p/Lages p/estudar.Minha mãe e meus quatro irmãos ficaram lá até abril de 1962. Moramos na primeira e na segunda.Meu pai era mestre de beneficiamento de madeiras.O Sr.Lindolfo era o gerente geral. Sou o filho mais velho.Nasci em 16/09/53. Sou casado e temos quatro filhos.Estamos em Lages há 60 anos.Rua Urubici,116, bairro Petrópolis. CEP 88505-378. Fone 49 99914 3322. Tenho muita coisa pra contar da infância difícil vivida nesse lugar. São Roque, Calmon e Matos Costa.Meu caminhão era um Ford F-600 no reboque, cor azul número 27. Um desses aí dá foto. Que saudade.


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